Todas as crianças são inteligentes e ser mau aluno não é sinónimo de incompetencia, pode é resultar de falta de motivação. Daí que estudantes possam passar a ser muito bons, dizem os especialistas.
"As crianças só não gostam da escola quando a escola não gosta delas", defende o psicólogo Eduardo Sá, assegurando que "todas as crianças são inteligentes". Os maus alunos são "sintoma ou consequência de factores educativos, familiares e de oportunidades", diz. A motivação pode ser chave do sucesso: Quando as crianças sentem que alguém se interessa por elas e reconhece as suas capacidades ficam motivadas. Todos nós só nos sentimos motivados quando estamos a ganhar", alerta Eduardo Sá.
Pedro Rosário, investigador da escola de Psicologia da Universidade do Minho, explica que a motivação não existe à cabeça gera-se pela cumplicidade com os conhecimentos" e para a alcançar ás vezes é preciso trabalho acrescido. O especialista que lidera um grupo responsável por projectos de desenvolvimento de competências (www.guia-psiedu.com) explica que as pessoas têm vários tipos de competências" que precisam de desenvolver a velocidades diferentes.
A competência é como um músculo, desenvolve-se. Há alunos que conseguem aprender determinada coisa numa hora e outros que precisam de quatro. É como no treino físico" sublinha. Assim os "maus alunos que passaram a ser bons já tinham a competência mas não estava descoberta a apetência ou porque as matérias não estimulava ou os professores não eram motivadores".
Álvaro Almeida Santos, ex-presidente do Conselho de Escolas, professor há 27 anos, considera que um aluno com uma boa aprendizagem nos dois primeiros anos de escolaridade "normalmente mantêm-se motivado nos restantes". Quando essa base não existe, os problemas aparecem na transição para o terceiro ciclo, "bastante mais exigente", e se o aluno não tem capacidade para trabalhar, a adaptação é difícil".
Com um "apoio próximo e diferenciado" a escola consegue por vezes fazer a diferença, sempre com o apoio da família que deve encorajar não recriminar e responsabilizar". Quando o aluno encontra uma zona de desenvolvimento próxima, consegue cumprir determinados objectivos. Motiva-se e fica preparado para outros objectivos e possibilidades", refere o docente.
Luís Picado, especialista em Psicologia da Educação defende "uma escola diferente", formada por professores, pais e outros tecnicos, como educadores sociais, animadores socio-culturais e psicólogos. Acredito num trabalho transdisciplinar, onde as pessoas pensam em conjunto sobre os problemas e soluções, e no entendimento de uma escola comunidade. Só as escolas apelativas para os alunos e famílias podem promover o sucesso educativo, refere o autor do estudo "A Indisciplina em Sala de Aula" e do livro " Ansiedade na Profissão de Docente".
É preciso "promover os motivos certos que conduzam o aluno a agir, e a agir bem", provada que está a "importância da motivação na aprendizagem e da falta da mesma no insucesso escolar" conclui Luís Picado.
Lusa
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